10 de maio de 2006

a poesia / antónio franco alexandre


II — paris, sumário


1

paris, o ar, a traqueia
vertida,
dormir em pé nos bancos
(lénine) do parque ratazana
: dormir pelo sofá
(freud) do Hotel do Brasil ao 6°
andar sem as
censor
de olhar tão lentamente a pedra, o rio, a folha,
que o fio ao dissolver-se trans
pareça
a pura forma de ar, íris, parure


2

paris, o desemprego. açorda de gente cm pasmo,
cenoura matinal & mal cozida.
acertar a samarra ao apito do campo
(campo)
onde bois, esterco, o ventre hospitaleiro,
a machada de cobre à entrada das alfândegas.
passo a mão no teu rosto repensando
que nos resta comer a mão do céu
ou, microscópica, a vaca do deleuze.


3

paris, astrologia, antes da lei: a regra
de estar juntos no mar interno à veia:
diz-se (lei
bniz) do compossível.
sofre, traqueia, o golpe
das dedadas no chumbo:
esperando Saturno no quadrante de Vé
nus.


4

volta, paris, à terra prometida: jerus
além de garra
fão & diner`s club:
que o fio ao dividir-se
transpareça
em sua sombra a pedra, a folha,
o rio.


5

paris, bosque de vin
scènes dez da manhã:
dc tal i qual no brr
aço, & no pinheiro cartazes
délecê.


6

asa sem paz (aro), migrante: de empire
state no bolso azul de cheviote,
édipo duro dura, assobiando
madra-goa em chicago, bar-d(o)
e máfia.

paris, ocasional: pele da pele, e-
terna, acaso um salto:
a dança: íris de riso, um rio.




antónio franco alexandre
(tríptico nómada)
poemas
assírio & Alvim
1996

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