14 de janeiro de 2009

caçar a água








caçar a água
no veludo escarlate da sede
pela madrugada
no coração tenro
da neblina
antes que a maré suba
os labirintos

aos pássaros
revelar a pedra
ensinar o lado de dentro
do musgo
a curva macia
dos seixos



porque a loucura
deve ser rasgada por dentro
com as mãos cravadas numa ponte
acesa ao abismo













8 de janeiro de 2009

a poesia / harold pinter





Poema






Não olhes.
O mundo está prestes a rebentar.

Não olhes.
O mundo está prestes a despejar a sua luz
E a lançar-nos no abismo das suas trevas,
Aquele lugar negro, gordo e sem ar
Onde nós iremos matar ou morrer ou dançar ou chorar
Ou gritar ou gemer ou chiar que nem ratos
A ver se conseguimos de novo um posto de partida.






harold pinter
várias vozes
tradução jorge silva melo e francisco frazão
quasi
2006