26 de março de 2007
as três comadres
(sobre um quadro da alice loureiro)
no fim dum caminho antigo,
por entre as pedras e o céu,
há vozes que anunciam um outro tempo.
um tempo escondido no segredo das mentes,
como as almas se escondem
nas pedras das cidades que pecaram.
é a maldade simples da terra,
a intriga das ervas,
a sentença do que vive.
não há aqui eternidade,
nem morte,
e só os olhos levam o que lá diz;
em molhos de cor a lembrar cereais maduros,
mel guardado como um tesouro
para um amanhã esperado.
tudo acaba ali,
no precipício que divide o real
e anuncia o infinito com uma força nua de sinais.
e é nesse acabar
que uma outra realidade ganha forma,
tranquila como as coisas eternas,
enigmática como as coisas que, não sendo vivas,
obedecem a um outro sangue,
a um pulsar de que nunca saberemos o nome....
gil t. sousa
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